quinta-feira, 9 de julho de 2009

O estranho no elevador...

Dia desses entrei em um elevador com pressa, a porta se fechou, apertei o botão do andar onde iria ficar, dei um passo para trás e ... OI!... eu disse para um estranho que estava no elevador comigo e iria ficar em algum outro andar. Naquele silêncio dentro da cabine havia um incômodo, o que dizer? O que fazer? Puxo conversa? Respiração controlada... Chegou meu andar. A porta abriu. Desci... Não disse, não fiz, nem puxei conversa. Você já passou por isso?

Quando estamos com alguém, em qualquer situação, na maioria das vezes estamos fazendo alguma coisa: falando, ouvindo, trabalhando, etc. Quando estamos com alguém e não há o que fazer, simplesmente estamos existindo, sendo. Situações como essas não incomodam quando estamos com pessoas que amamos, porque o amor não depende do que fazemos, mas sim do que somos. Uma mãe consegue ficar abraçada com seu filho e não falar nada. Um marido é capaz de olhar nos olhos de sua esposa por longos minutos sem dizer uma palavra. Melhores amigos sentam no sofá juntos, às vezes sem assunto, e ficam lá. O existir é suficiente em certos momentos.

Um jeito de analisar isso é questionar a maneira como estamos nos relacionando com as pessoas. Se precisamos que as pessoas ao nosso redor sempre façam alguma coisa, isso quer dizer que limitamos nossos relacionamento àquilo que elas fazem. A parte ruim é que somos capazes dos atos mais louváveis e dos mais desprezáveis também.

Se Jesus dependesse das atitudes dos seus amigos, imagino que nunca veríamos o cristianismo espalhado pelo mundo. Ele não viu as grosserias que Pedro fazia, mas viu o quanto ele era determinado. Ele não olhou para as arrogâncias de João, mas percebeu o quanto ele era amoroso. Ele não se atém ao que faço, mas ao que sou.

Eu não conhecia aquele estranho e não o amava. Não é comum amar alguém logo à primeira vista, mas quando o amor está firmado dentro do coração, somos capazes de sermos amorosos com qualquer estranho. Diferente vai ser o dia em que eu não sentar tão longe de alguém nos bancos de ônibus, ou quando eu conseguir ficar em silêncio e tranqüilo com um estranho no elevador. Quando eu esperar que meus amigos SEJAM na minha vida mais do que FAÇAM por ela. O amor tem esse poder, “ser amor” é capaz dessa mudança.

Faça a experiência, comece a basear seus relacionamentos naquilo que as pessoas são, você vai ficar impressionado em como sua vida vai ficar mais leve.

Um abraço,

Gilberto Monteiro