quarta-feira, 2 de junho de 2010

A criança que não cresceu

Todos nós já fomos crianças um dia. Algo que me faz bem é ver algumas fotos que “roubei” da minha mãe de quando eu e meu irmão éramos pequenos. Tudo isso me faz lembrar dos momentos bons. Das brincadeiras. Dos coleguinhas de escola. Dos aniversários. Uma foto memorável que tenho é uma que em estão faltando alguns dentes no meu sorriso. Boas lembranças! Mas essa fase não possui somente lembranças tão agradáveis. Minha mãe sempre lembra o quanto eu era uma criança birrenta e como eu gritava e chorava quando meus pais não davam algo que eu pedia. A infância também tem essas coisas... Birras por não ter o que se quer. Brigas com primos e amigos sem motivo algum. Sem contar a fase da mentira, quando as crianças vivem inventando as coisas. Não podemos esquecer também a fase em que a criançada sempre quer ser o centro das atenções, por exemplo no meio de uma conversa, sempre se intrometendo nos assuntos dos adultos... E assim vai! Inúmeras situações que quando vemos sempre dizemos: “coisas de criança!” Mas tudo isso são fases que vão sendo substituídas até que a criança amadureça e entre na fase adulta.
Algo interessante é notar que em alguns de nós sempre fica algum resquício dessas fases, e isso é perceptível em nossos círculos de relacionamento, seja na igreja, seja na faculdade, trabalho ou família. Você já deve ter passado por uma situação em que uma pessoa acima de qualquer suspeita, que você conhece, quando está sendo contrariada começa a gritar, às vezes agredir, apresentando reações inesperadas, verdadeiras birras. Ou então certos comportamentos do tipo carente demais, a síndrome do coitadinho, sempre se sentindo isolado e excluído de tudo e de todos, porque na verdade gostaria de ser o centro das atenções. E os famosos briguentos? Aqueles que “não levam desaforo pra casa”, que tem prazer em entrar numa briga, até mesmo sem motivo. Sem contar aquelas pessoas com quem convivemos e que tem o hábito de mentir sempre, em qualquer situação. E assim vai! Diversas situações que quando vemos, chegamos até a pensar: “isso parece coisa de criança!”
Em uma formação que tive recentemente lá na Missão IDE, fui confrontado com essa verdade, de que quando não tivemos uma infância bem resolvida, acabamos carregando as coisas de criança pra fase adulta. Muitas vezes quem está gritando dentro de uma pessoa que se descontrola quando é confrontada é aquela criança que aprendeu de maneira errada com os pais que pra conseguir qualquer coisa ela precisa gritar. Quase sempre quem vive se sentindo isolada e sem amor dos outros é a criança que não teve atenção suficiente dos pais na sua infância e tenta compensar depois que cresce em meio ao grupo de pessoas com quem convive.
Confesso que esse ensinamento que tive me confrontou em um dos meus pontos mais fracos, que é a necessidade de aprovação que tenho dentro de mim. E olhando minha história percebi que eu sempre fui daqueles que não se opõe, nunca diz não, que se preocupa demais com o que os outros vão pensar, que precisa da aprovação de todos para continuar. Sei que fui uma criança boa, um aluno exemplar, mas o que movia essas virtudes em mim? Estou descobrindo que era uma necessidade de aprovação diante da minha família e que tenho trazido até hoje. Isso revelou a criança mal resolvida que ficou no meu passado e que interfere até hoje nos meios onde me relaciono: pessoal, profissional e ministerial.
A palavra diz que Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens (Lucas 2, 52). Quantas vezes crescemos somente em estatura? Talvez você já tenha até freqüentado uma academia, que faz bem pro corpo, ajuda a crescer, mas somente em estatura. Corremos o risco de aparentarmos ser pessoas adultas, mas quando a vida nos colocar em alguma situação adversa, a criança lá dentro vai gritar, espernear, mentir, querer ser o centro... Paulo escreve aos Coríntios: quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança (I Coríntios 13, 11). O mundo precisa cada vez mais de pessoas bem resolvidas e que deixam as coisas de criança para trás. O reino de Deus é feito de homens e mulheres que cresceram em sabedoria e graça, que sabem administrar adversidades, que lidam muito bem com conflitos. E fazem isso dentro de casa, nas escolas, nas fábricas, igrejas, ruas...
Nunca é tarde para esse crescimento. Vale a pena olhar pra nossa história, avaliar nosso comportamento do presente, pedir opinião dos amigos, se auto-analisar sem medo, e confrontando a realidade, que pode não ser muito boa, procurar ajuda e decidir crescer. Estou lendo um livro muito bom e que está me ajudando a ser melhor naquilo que ainda é difícil pra mim. Eu possuo amigos que estão me ajudando a ser melhor.
Tenho certeza que seremos mais úteis a Deus e à sociedade se formos adultos em estatura, sabedoria e graça. É hora de crescer!
Um abraço,
Gilberto Monteiro
Missão IDE

...quero deixar aqui também registrado meu pedido de desculpas pela demora nas postagens. Deus tem feito muita coisa em minha vida e esse tem sido um tempo de muitas boas novidades que tem tomado bastante tempo... Em breve essas novidades irão aparecer!