sábado, 24 de abril de 2010

POTENCIAL EM MOVIMENTO

Imagine uma pessoa bem no alto do prédio Mirante do Vale, o maior arranha-céu do Brasil, que fica no centro de São Paulo, com 170 metros de altura. Essa pessoa está segurando uma pedrinha bem pequena na mão. Quando ela olha lá de cima, as pessoas e os carros que passam em baixo parecem pontinhos que não se sabe ao certo o que são. A pedra na mão dessa pessoa, no momento em que ela está entrando no prédio, lá no térreo, não passa de uma simples pedra, é claro que se ela for atirada com força ela vai deixar de ser tão simples e inofensiva, mas o estrago que ela é capaz nessa situação não se compara ao que ela pode fazer se for lançada da cobertura desse prédio, a 170 metros de altura. No alto desse imponente edifício, uma pedrinha possui o potencial de uma bala de revólver! Isso é um fenômeno físico muito interessante, que envolve dois conceitos: a energia potencial e a energia cinética. Se alguém simplesmente soltar essa pedra de lá de cima, ela chegará ao chão com uma velocidade de aproximadamente 650 km/h, que é a velocidade de uma bala de revólver calibre 32. O estrago que a pedra e o tiro podem fazer são muito semelhantes nessas condições.

Existe uma maneira de calcular tudo isso, mas eu não vou me aprofundar, afinal esse não é um texto de física ou matemática, mas vale a pena entender o conceito: a medida que algum objeto vai aumentando sua altura, vai sendo elevado do chão, ele aumenta o que chamamos de energia potencial, e quando num dado momento ele é solto, quando é colocado em movimento, essa energia potencial vai se tornando a energia cinética. A pedra na mão de alguém no alto daquele prédio tem o potencial de uma bala de revólver, mas somente quando ela é deixada cair é que esse potencial vai se tornando realidade e no momento em que ela chega ao chão, a cinética, o movimento que ela tomou, faz com que toda potencialidade se transforme em realidade, causando os mesmos efeitos que uma bala de revólver.

Todo ser humano tem dentro de si algumas pedras, e no meio de todo mundo, no chão da vida onde as coisas acontecem, essas pedras parecem inofensivas, e mesmo quando lançadas com força não conseguem efeitos notáveis. É interessante porque às vezes as pedras que temos podem ser bem grandes, e quando as vemos pensamos: “essa pedra pode fazer um grande estrago!” Todos conhecemos alguém assim: aquela pessoa que tem uma voz incrível, que canta maravilhosamente bem, aquele fulano que prega de maneira excepcional, pessoas cheias de dons e capacidades paradas no térreo da vida, grandes potenciais que não “acontecem”, que não vão pra frente, ministérios que tem tudo pra dar certo mas só “dão errado”, pregadores e ministros cheios de unção e de capacidades mas que não conseguem “fazer muito estrago”. Nosso mundo está repleto de pessoas assim, cheias de dons e talentos, mas que permanecem plantadas no chão, atirando seus dons sem colher grandes efeitos. Aí podemos pensar: “então vamos subir o prédio pra lançar a pedra lá de cima”. Muitos tentam fazer isso, tentam alcançar os lugares altos, chegar ao céu, mas ao longo do caminho sempre existem janelas abertas, possibilidades mais rápidas e mais fáceis, e nos contentamos com as janelas do décimo ou vigésimo andar, afinal “estaremos mais altos do que os outros que estão lá em baixo e o efeito do que lançarmos será maior do que quando estávamos no térreo”. Pessoas assim, geralmente são aquelas que se acomodaram no lugar onde estão, ou pior, se acomodaram no jeito como são. Se aquilo que cremos e pregamos não modifica o que somos, teremos sempre um ministério estagnado em alguma janela no meio do prédio. Nossas canções e pregações terão seus efeitos, mas poderiam causar muito mais impacto em nossas próprias vidas e nas vidas de quem nos ouve. Se agimos assim, nosso potencial será menor e a nossa cinética também. Limitamos o conhecimento de Deus pela janela do meio, de forma mediana, de forma medíocre.

Todo bom potencial, por menor ou maior que seja, precisa chegar ao ponto mais alto do edifício. Mas mesmo estando lá em cima, tendo acesso ao Senhor, conhecendo sua Palavra, tendo comunhão com sua verdade, a pedra está presa em nossa mão! Experiências com Deus não são garantia de mudanças de vida. Uma aparente intimidade com o Senhor mostra um potencial ainda maior, mas potencial ainda não é atitude. O bom conteúdo de composições e pregações nem sempre revelam uma mão que deixou a pedra cair.... Às vezes é a misericórdia de Deus e a necessidade de um povo que move o braço do Senhor em benefício das pessoas, e não o tamanho do dom e a vida de determinada pessoa. Nos tempos de hoje, onde os fins justificam os meios, onde o jeitinho brasileiro é normal, a grande mão que segura as pedras que temos é a nossa falta de caráter. Depois que conhecemos a Deus, quando subimos no alto do prédio, corremos o risco de mudar nosso modo de vestir, nosso modo de falar, comer e beber, mudar nossas companhias, mudar tudo, menos o coração. Fazemos as coisas certas diante dos homens. Mas é quando estivermos sozinhos, quando ninguém puder nos ver ou descobrir, quando não houver possibilidade de reprovação de ninguém, aí é que temos a oportunidade de provar se temos caráter ou não, de escolher o certo simplesmente porque é certo, de mostrar a Deus que realmente fomos mudados de dentro pra fora, de que em nós habita carisma, mas acima de tudo habita caráter!

Um caráter íntegro é a mão que se abre no alto do prédio e deixa cair a pequena pedra. É nesse momento que toda a energia potencial guardada em uma canção, pregação, ou em uma simples oração entra em movimento e se torna energia cinética. E aquela mísera pedra quando alcança o chão deste mundo se torna a arma mais perigosa de que se tem notícia, porque não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações (II Cor 10, 4).

O mundo está cheio de fortalezas, cheio de fortificações de violência, guerras, ódio, fome, miséria, corrupção, medo e indiferença... Quando os homens e mulheres de Deus se levantarem decididos a enfrentar o prédio mais alto e lá em cima revelar uma caráter sem máculas ao Senhor, então nosso mundo será bombardeado por canções, pregações e orações que não se restringirão às paredes das igrejas, mas que trarão nova vida à humanidade, invadindo nossas ruas, bairros, cidades e países. Ações que irão mudar as pessoas de dentro pra fora. Atitudes que terão como conseqüência a devolução da dignidade ao nosso povo. Gestos que colocarão líderes honestos em nossos governos. Haverá pão partilhado na igreja e também nas casas. Justiça e paz se abraçarão (Salmo 58, 11). Enfim poderemos ver o potencial se tornar realidade, enfim chegará até nós o Reino de Deus: POTENCIAL EM MOVIMENTO!

Um abraço,

Gilberto Monteiro
Missão IDE

Exclusivo para o Portal Católico