sábado, 29 de janeiro de 2011

O que falar ao povo?

Essa semana tive uma experiência muito interessante. Fui pregar em grupo de oração em São Paulo a convite de uma comunidade que ainda não conhecia mas que desenvolve um trabalho muito precioso na região oeste da cidade. Antes de começar o grupo conversei bastante com a fundadora da comunidade sobre a situação do povo daquela região. Nós estávamos na Vila Nardini, um local formado por famílias muito simples e até mesmo muito pobres. Além disso, o bairro possui uma presença muito marcante do tráfico de drogas e violência. A Carina, fundadora da Comunidade Yeshua, me falou sobre o trabalho que eles desenvolvem com as famílias de baixa renda, com pessoas que acabaram de sair do presídio e estão passando por um momento de recuperação, além de trabalhos de acompanhamento e aconselhamento diversos para famílias e pessoas atingidas pelos vícios das drogas.
Em meio a tudo isso estava eu, vindo de São José dos Campos, que vivo uma realidade diferente dessa, no conforto da comunidade onde participo e na unção dos eventos de música aos quais sou convidado. Cheguei na igreja de Santa Luzia com uma mala grande lotada de CD’s Amanheceu que lancei no último dia 15 de janeiro. Fui com uma intenção: levar a palavra de Deus, mas assim que o grupo de oração começou percebi que minha intenção mais profunda naquele lugar era promover meu recente trabalho, divulgando algumas canções e que ao final daquele momento as pessoas comprassem meu CD. Era isso o que realmente eu queria! Até que derepente, logo após uns 15 minutos do início do grupo, a energia acabou... Mas o povo continuou tão forte quanto antes. Aquela atmosfera de fé alcançou meu coração e lá dentro eu ouvi uma voz que dizia assim: Gilberto, esse povo não precisa do seu CD e nem das suas músicas!
Fiquei tão envergonhado em como pude ter uma intenção tão pequena diante da real necessidade daquele povo. Continuei minha oração e com muita sinceridade reconheci que eu estava errado, o que aquele povo precisava era de JESUS CRISTO. Com a idéia corrigida, falei de Cristo, fonte de esperança para o pobre, para o viciado, para aquele que perdeu tudo nas enchentes de dias atrás... Enfim, Deus fez mais do que eu poderia pedir, pensar ou imaginar naquela noite, muito mais do que as catorze canções do meu CD poderiam fazer.
Por melhor que seja a intenção de quem anuncia o Reino de Deus, a ausência de Cristo nas intenções do que se faz torna toda obra infrutífera e muito cansativa. Um ministério pode até se manter por alguns anos ou alguns CD’s. Um pregador pode até viajar o mundo. Mas sem Cristo no centro, logo o cansaço toma conta, os problemas se mostram, e os frutos não aparecem. Seria o mesmo que os reis magos encontrando a estrela de Belém ficassem parados nela, admirando-a no céu, quando ela na verdade queria indicar Jesus.
Se a minha mensagem for sobre minha vida, minha carreira, meus dons e talentos ou ainda minhas opiniões a respeito de Deus e da igreja, por favor, não compre meus CD’s e nem espere muito do meu ministério, ele será feito somente de folhas, e folhas de árvore não alimentam. Mas se na boca de todo ministro estiver o anúncio de Cristo e o seu Reino, então apoie esses ministérios, porque esses sim produzem frutos, e frutos que permanecem, eles irão levar ao povo o que o povo realmente precisa: JESUS CRISTO

Um abraço,
Gil Monteiro