sábado, 19 de dezembro de 2009

Roda da (des)graça

Tempos atrás estive em grupo de oração em São Paulo e me chamou muito a atenção como as pessoas que ministravam as músicas e as orações falavam com freqüência sobre tribulações, problemas e dificuldades. Parecia que todos ali naquele lugar eram pessoas que acabaram de chegar de uma guerra, onde o bombardeio de problemas era constante. Quando estamos numa situação dessas e nos perguntam: como vai a vida, como estão as coisas? Temos o “costume” de responder com aquela entonação mais triste possível: vou indo, vou caminhando...

Refletindo um pouco sobre isso, a maioria de nós segue uma seqüência bem lógica quando enfrenta algum problema. Assim que ele surge, ele cria em nós uma ansiedade. Queremos ver as coisas resolvidas rápido. Queremos o equilíbrio das situações o mais breve possível. O coração bate mais forte. Os pensamentos voam na direção de respostas ao porquê daquela situação. Buscamos um culpado ou nos culpamos. Os sentimentos se tornam sintomas e a cabeça começa a doer, o cansaço é mais freqüente e o problema continua crescendo mais do que a capacidade de solução. A tribulação vai gerando ansiedade.

Com toda essa ansiedade, o jeito é encontrar uma solução, uma resposta. E uma busca desesperada começa, querendo encontrar um fim pra toda a ansiedade. Nesse momento atira-se pra qualquer lado, tenta-se todas as possibilidades, joga-se todas as fichas em qualquer lugar e a qualquer custo. O mais importante é a solução. A ansiedade vai produzindo infidelidade ao que acreditamos, qualquer coisa passa a valer a pena, as certas e também as erradas, as legais e as ilegais.

Nessa roleta russa em busca de soluções, o coração vai criando uma expectativa negativa. Pensamos: “Tudo é difícil pra mim”, “esse problema é muito grande”, “eu não sou tão bom assim”, “aquilo é muito difícil”, “ eu nunca vou conseguir resolver isso”... Por fim acabamos adotando soluções paliativas que na maioria das vezes não refletem a vontade de Deus para aquele momento. Numa situação dessas, as respostas que conseguimos são como “analgésicos” que eliminam os sintomas dos problemas, quando na verdade precisávamos de um antibiótico que curasse a causa verdadeira. O tempo passa e aquela mesma dor, aquele mesmo problema retorna, e o ciclo se repete: tribulação gerando ansiedade e desespero, ansiedade gerando infidelidade, infidelidade gerando pessimismo.

A pior parte disso, é que infelizmente nesse caso, a esperança não engana. Os pessimistas estão sempre certos a respeito do seu futuro. O mal que esperam sempre chega, fazendo com que permaneçam na “roda da desgraça”, girando, e rodando, e reclamando, e girando, e rodando e sempre reclamando...

A boa nova para 2010 é que por meio de Jesus Cristo temos acesso à “roda da graça”. Nesse ciclo diferente, cada problema que chega, por pior que seja, é encarado como uma oportunidade. Os atribulados ao invés de se desesperar começam a desenvolver em seu coração uma paciência incrível, e são assim pacientes porque a graça que possuem ensina a esperar a melhor solução. Nem sempre o mais rápido é o melhor, às vezes as respostas certas não estão aguardando atrás da grande e larga “Porta da Esperança”, como naquele programa do Sílvio Santos. Na maioria das vezes elas estão logo atrás da porta estreita. Por saberem disso, os que tem paciência demonstram uma fidelidade aos seus princípios e àquilo que crêem, são fiéis porque sabem que o melhor de Deus ainda está por vir. Essa fidelidade gera nesse tipo de pessoa uma esperança tão positiva de que logo o temporal vai passar e a bonança vai chegar. Gera uma certeza de que aquela solução que só se pode imaginar, que ainda é invisível, em breve vai se tornar real. E felizmente nesse caso, a esperança não engana. Os otimistas estão sempre certos a respeito do seu futuro. O bem que esperam sempre chega, fazendo com que permaneçam na “roda da graça”, girando, e rodando e se alegrando, e girando, e rodando, e se alegrando...

A ciranda do povo de Deus no deserto durou quarenta anos quando poderia ter durado onze dias. Talvez não estivessem abertos à outra ciranda da paciência, fidelidade e esperança. Quanto tempo temos levado pra resolver as situações difíceis que aparecem ao longo da vida? Quantas vezes os mesmo problemas se repetiram? O que eles produziram em nós?

“Por meio de nosso Senhor Jesus Cristo é que tivemos acesso a essa graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus. Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Romanos 5, 1-5)”.

Mesmo que durante 2009 ou ao longo de toda a sua vida os seus problemas geravam ansiedade, infidelidade e pessimismo, por meio de Jesus temos acesso à graça do Espírito Santo que modifica nosso posicionamento diante dos problemas, gerando paciência Santo que modifica nosso posicionamento diante dos problemas, gerando paciluçcom que permaneça o c, fidelidade e otimismo. Faça a experiência! Nesse Natal quem te presenteia é Jesus, ele está derramando o Espírito Santo sobre a sua vida. Peça-o em oração. Deixe 2010 ser o melhor ano da sua vida!

Um abraço,

Feliz Natal e um ótimo Ano Novo,

Gilberto Monteiro

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Você tem fome de que? Você tem sede de que?

Todo ser humano sente sede e fome. São sinais de alerta do corpo dizendo que precisa de energia. À medida que nos alimentamos ou ingerimos líquidos, essas sensações passam, e isso todo mundo sabe. Mas o contrário, quando não comemos e bebemos, algumas coisas interessantes acontecem.
Quando deixamos de nos alimentar, os três primeiros dias são os piores. É quando a sensação de fome é avassaladora. Os sentidos ficam mais aguçados, em busca de qualquer sinal de alimento. Após esses três dias sem ingerir nada, o organismo “desliga” a sensação de fome e inicia um processo de “canibalismo”, digerindo as células do próprio corpo para obtenção de energia. Em dez dias, perde-se dez por cento do peso. Os batimentos cardíacos diminuem. O organismo desaprende a gerar energia da maneira usual, que começa pela boca. É por isso que pessoas desnutridas, principalmente em países da África, não podem ser alimentadas logo de início, há toda uma preparação para que o organismo reaprenda a se alimentar. Em dois meses inicia-se a degeneração do coração, e esse é o limite que um ser humano suporta, sessenta dias sem comer.
Quando deixamos de ingerir líquidos a situação é mais grave. Setenta por cento do nosso peso é água. É essa água que faz a comunicação entre as células e principalmente os neurônios, por isso a necessidade de ingerirmos no mínimo dois litros ao dia. Quando desidratamos um por cento, temos a sensação de sede. Aos cinco por cento, a pele fica seca, a mobilidade fica comprometida e os pensamentos e raciocínios mais simples não são mais possíveis. A partir desse momento o organismo “desliga” o sinal de sede, e chegando em dez por cento, a desidratação leva à morte. O limite é de sete dias sem ingerir líquidos.


Certa vez, Jesus foi seguido por uma grande multidão, em torno de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, e vendo que estavam com fome realizou o conhecido milagre da multiplicação dos pães. Esse povo continuou seguindo Jesus porque viram nele uma forma fácil de viver: quando tivessem fome ele os alimentaria. Percebendo isso, Jesus disse em João 5, 6:
“trabalhem não pela comida que acaba, mas por aquela que dura para sempre, que o Filho do homem dará”. Em seguida, Jesus complementa: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (João 6, 35).
Toda essa conversa sobre fome e sede quer nos levar a um nível diferente de raciocínio. Jesus sabe da nossa necessidade de pão para o corpo, mas ele também sabe da necessidade de pão para a alma. Existe uma fome e sede que banquete nenhum pode saciar, e nesse ponto, a ausência de alimentação tem efeitos muito semelhantes na alma como tem no corpo.


A alma tem fome de coisas espirituais, e é por isso que todas as civilizações ao longo da História sempre tiveram sua religião e sua filosofia, sua forma de se relacionar com o divino, sua maneira de alimentar a alma. Quando não alimentamos nossa alma, ela busca alimento em si mesma, e assim como o corpo ela desaprende a se alimentar de coisas espirituais e passa a se nutrir do que está no coração. Infelizmente o alimento que encontramos em nosso íntimo são
maus pensamentos, homicídios, adultérios, impurezas, furtos, falsos testemunhos e calúnias (Mateus 15,19). É por isso que quando não estamos em uma relação verdadeira com Deus só conseguimos pensar coisas ruins, “matar” com indiferença as pessoas com quem nos relacionamos, somos infiéis às coisas que são certas, mentiras se tornam comuns e falar mal de qualquer pessoa nos faz bem. As almas que não saciam sua fome em Deus se alimentam de coisas, pessoas, fama, dinheiro. É por isso que programas de TV sobre famosos e seus escândalos fazem tanto sucesso.
Da mesma forma a sede tem um efeito mortal na alma. Ela perde seu brilho, sua capacidade de se mover em direção aos seus sonhos e os pensamentos mais fúteis dominam. Almas que não bebem a água da vida pensam em coisas rasas, suas conversas giram em torno das mágoas que carregam e de como a vida tem sido difícil.
Médicos dizem que o mais triste é que pessoas em processo de desnutrição e desidratação contínua morrem sem sentir. Seu metabolismo não indica mais a fome nem a sede, então o organismo entra em coma e silenciosamente morre. Muitas almas estão nesse processo, morrendo sem sentir. Mas a grande novidade é que
“há esperança, ainda que uma árvore cortada tenha sua raiz envelhecida e seu tronco morto, ao cheiro das águas, tornar-se-á verde de novo” (Jó 14, 7-8).
Jesus nos dá o caminho para saciarmos nossa alma:


Aquele que vai até Ele jamais tem fome. Precisamos ir até Jesus.Precisamos entrar mais em nosso quarto, fechar a porta e orar ao Pai que está em segredo (Mateus 6, 6). Poderemos compreender e provar melhor o mistério da Eucaristia quando criarmos intimidade com Deus através da oração pessoal e meditar sua palavra em nosso coração (Lucas 2, 19).
Aquele que crê n’Ele jamais tem sede. Quem revela Jesus por excelência é o Espírito Santo. Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão sob a ação do Espírito Santo (I Cor 12, 3). Quanto maior o relacionamento com o Espírito, maior nosso desejo de conhecer Jesus. O melhor disso é que o Espírito Santo é um vento, e sopra em todo lugar: na igreja, em casa, no trabalho, no ônibus, na rua... Ele é a água da vida que podemos beber a todo instante. A correria do dia-a-dia não permite uma intimidade com Deus a qualquer hora, “não conseguimos parar pra comer” no momento em que queremos, mas a qualquer instante podemos pensar: “vem, Espírito Santo”. Podemos ouvir em nosso MP3 player:“ vem, Espírito Santo”. Podemos fechar nossos olhos por alguns segundos e do fundo da alma clamar: “vem, meu amigo, Espírito Santo”. Assim como uma garrafa de água que temos à mão para matar a sede do corpo ao longo do dia, o Espírito Santo é o rio de água viva que podemos beber a qualquer instante.


Almas que saciam sua fome e sede em Jesus são mais sadias. Os olhos de pessoas assim brilham mais. Mesmo com problemas, elas tem em si uma esperança que não engana.
Muitas pessoas cantam por aí: “
A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer” (Comida – Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto). Hoje, nossas almas precisam cantar:Queremos o pão da vida, a água da vida, como Cristo quer.

Um abraço,
Gilberto Monteiro
www.gilbertomonteiro.com.br

Matéria exclusiva para o Portal Católico

domingo, 15 de novembro de 2009

Tamanho não é documento

Num primeiro momento quando ouvimos a palavra , a visão e o entendimento que temos se relaciona a pessoas que lêem a Bíblia, que tem uma vida de oração... Se tivéssemos que lembrar de uma pessoa de fé lembraríamos de alguém que conhecemos lá na igreja, uma pessoa sempre presente nas missas, celebrações, etc.

Fazemos assim porque geralmente associamos fé àquelas expressões: fé católica, fé protestante, fé espírita... E assim vai. Acabamos tornando a fé como uma expressão de espiritualidade, quando na verdade ela não é.

A definição perfeita diz que a fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê (Hebreus 11, 1). Em outras palavras, a fé é uma certeza tão grande que se tem dentro do coração de que aquilo que não conseguimos ver no presente vai ser real em breve.

Esse fato de acreditar que o invisível pode se tornar real explica muitas coisas. Com certeza você deve conhecer alguém muito sortudo, que tem alcançado muitas coisas boas em sua vida, parece que tudo o que fulano faz dá certo, e o interessante é que muitas vezes essa pessoa nem vai à igreja, nem conhece a Deus, não participa de nenhum ministério, uma pessoa que “não tem fé alguma...” Chegamos até a ficar revoltados com Deus: eu faço isso, faço aquilo, vou à igreja, oro, rezo e nada de bom me acontece, enquanto o fulano que nem vai à missa é abençoado. E mais blá, blá, blá...

A fé é um dom dado por Deus para todas as pessoas, ricas e pobres, belas e feias, que tenham alguma religião ou não. E como todos tem esse dom, o que faz a diferença é como ele é usado. Independente da crença, todos utilizamos nossa fé, às vezes de maneira certa, e na maioria das vezes de maneira errada. A prova de que exercitamos esse dom é que sempre estamos esperando que alguma coisa aconteça, que algo invisível se torne real, e quando acontece nem ficamos espantados, sempre dizemos: eu sabia! Por exemplo, se alguém vier a você e disser que mais um deputado ou senador foi indiciado por corrupção, por fraude, roubo ou coisas do tipo, nós acreditamos facilmente sem nem conferir em algum jornal, porque esse é o tipo de coisa que esperamos. Esperamos que o Rio de Janeiro seja cada vez mais violento. Que a Amazônia seja cada vez mais desmatada. Que o trânsito em São Paulo seja sempre caótico. Que os terroristas literalmente “explodam” no Oriente Médio. Que as crianças pobres da África fiquem cada vez mais desnutridas... Lá no fundo, nem aconteceu, mas temos uma certeza a respeito do que não se vê quando se trata dessas coisas.

E independente se a certeza que se tem é boa ou ruim, a palavra também diz que a esperança não engana (Romanos 5, 5), e em mais ou menos tempo vamos ver de maneira real aquilo que esperávamos.

É por isso que algumas pessoas, que embora não conheçam a Deus, tem vidas abençoadas com coisas que às vezes estamos pedindo em oração ao longo de anos, sem nunca conseguir nada. Às vezes esses abençoados que nem sequer sabem onde fica a igreja e que não tem a mínima noção do que é fé, justo eles sabem utilizá-la muito mais do que aqueles que se julgam pessoas de fé.

Temos o costume de dizer que Deus ajuda quem cedo madruga, mas nem lembramos que a verdade é que aos seus amados Deus dá enquanto dormem (Salmo 126, 2). Não estou dizendo pra ficar em casa dormindo porque Deus vai depositar seu salário todo mês, mas se cremos que todos os dias temos que sofrer em nosso trabalho, que tudo nessa vida é difícil, que as pessoas ao nosso redor nunca vão mudar, é isso que esperamos, é isso que vamos ter.

Certa vez Jesus ensinou aos seus discípulos como utilizar esse dom:

Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: ‘Levanta-te e lança-te ao mar’, se não duvidar no seu coração, mas acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre. Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado (Marcos 11, 23 – 24).

O segredo do bom uso da fé é não duvidar e acreditar, e embora nas palavras isso pareça fácil, na prática pode se tornar um pouco difícil porque aprendemos desde pequenos com nossa família a ter um pé atrás com tudo e esperar o pior. Quando crianças nossa mãe diz sai de cima dessa árvore que você vai cair! Dito e feito, assim que ela vira as costas caímos. Esse é um exemplo simplório, mas retrata uma cultura de fé negativa. E pelo resto das nossas vidas deixamos de subir em árvores porque temos uma certeza de que vamos cair. Árvores que são medos que guardamos... Se eu fizer isso vai acontecer aquilo, se eu for até lá vai acontecer aquele outro... Vivemos com o guarda-chuva em nossa mochila esperando a pior tempestade.

Como todo dom, nem sempre sabemos colocá-lo em prática da maneira perfeita. Precisamos aprender, exercitar, sermos testados e então utilizá-lo “profissionalmente”. Mesmo o maior cientista do mundo teve que ser aprovado numa universidade pra garantir sua qualificação. Um músico pode tocar regularmente, mas se ele não estudar a respeito do seu dom, sempre haverá alguma limitação porque não foi submetido ao processo de aprendizagem das coisas que não sabe, e talvez ele nunca seja submetido a um teste que avalie o quanto ele sabe, e sem prova, não se aprova. Para a fé, que é um dom, se aplica a mesma situação. Nossa fé é provada pelas provações. Infelizmente até compreendermos que essa é a maneira de exercitar a fé, vemos os sofrimentos como maldições, como motivos de tristeza, parece que Deus ficou distante. O povo de Deus logo depois que saiu do Egito poderia ter chegado à Terra Prometida em onze dias, mas como não usavam da fé de maneira correta, ficaram quarenta anos vagando pelo deserto, até que Josué e Caleb vissem o lugar que Deus havia falado e dissessem ao povo com muita fé que apesar dos gigantes, apesar dos homens robustos, apesar de tudo, eles viveriam naquelas terras com a bênção de Deus (Números 13 – 14). Corremos o risco de ficar dando voltas pelo deserto da vida e nunca alcançar o que desejamos porque nossa fé nos faz permanecer nos lugares secos e áridos, onde só existe dor e sofrimento. O tempo e uma fé consciente nos farão sair do deserto das provações mais rápido do que esperamos, e as terras que vamos encontrar irão superar nossas expectativas.

Um último ponto interessante é que a fé pode nos levar aos lugares e conquistas que sonhamos, mas se esse dom não for usado sob a luz do Espírito Santo, a conseqüência será o pecado, e no futuro a morte. Corre-se o risco de colocar um dom dado por Deus a serviço de um prazer egoísta, quando na verdade todos os dons devem servir para o bem comum (I Coríntios 12, 7). Imagine um grande cientista com uma inteligência acima do normal a respeito de combinações químicas. Ele pode criar remédios que curem todas as doenças da humanidade, mas também pode criar armas biológicas ou armas de destruição em massa que podem exterminar toda a humanidade.

Quando o assunto é fé, tamanho não é documento, o que importa é como ela é utilizada. A fé utilizada da maneira correta irá nos dar uma coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de vestidos de luto, cânticos de glória em lugar de desespero (Isaías 61,3). A fé utilizada da maneira correta agrada a Deus (Hebreus 11, 6). A fé utilizada da maneira correta nos trará vida, e vida em abundância (João 10, 10).

Um abraço,

Gilberto Monteiro

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pão, segurança e poder

Em 1954, um americano chamado Abraham Harold Maslow publicou um livro chamado Motivation and Personality (Motivação e Personalidade), com idéias que perduram até hoje e ficaram mais conhecidas como Teoria de Maslow ou Hierarquia das necessidades. Maslow apresentou uma seqüência hierárquica de necessidades do ser humano que precisam ser saciadas para que seja atingido um nível de satisfação, ou “auto-realização”, como ele mesmo chamou.

Em primeiro lugar estão as necessidades fisiológicas (fome, sede, sono), seguidas pelas de segundo nível que se referem à segurança (casa, emprego, saúde). No terceiro nível estão as necessidades sociais (amor, afeto, pertencer a um grupo). Na seqüência estão as necessidades de estima em duas vertentes: a auto-estima e a estima dos outros em relação ao que faço. Por fim está a auto-realização, a etapa onde o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser (moral, satisfação).

Essa teoria foi questionada e aprimorada por outros entendidos do assunto, mas é muito utilizada em setores de marketing, RH de empresas, e outras situações. Muitas coisas sobre esse assunto podem ser encontradas na internet e vale a pena saber.

O interessante é que muitos séculos antes de ser publicada, essa teoria já era conhecidíssima por Satanás e foi utilizada para tentar Jesus no famoso episódio da tentação no deserto no evangelho de Mateus.

O demônio resumiu de maneira simples as escalas de Maslow de cinco níveis para três. Mas antes de tudo é bom lembrar a situação em que Jesus estava: Ele foi levado para o deserto, privado de todo e qualquer recurso. Temperaturas altas de dia e frio intenso à noite. Comida e água limitadas. Tornou-se presa de animais famintos que habitam no deserto, como por exemplo as serpentes. Além de toda essa condição externa, Jesus havia se submetido a um jejum. “Ele jejuou quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome” (Mateus 4, 2). Vendo essa situação o inimigo se aproximou de Jesus e o tentou, começando pelo primeiro nível de Maslow, a necessidade fisiológica da fome: “ordena que essas pedras se tornem pão” (Mateus 4, 3). Mesmo com toda a fome que estava sentindo ele não transformou as pedras em pães. E bem que poderia, pouco tempo depois ele transformou água em vinho, quer dizer que poder para esse tipo de coisa ele tinha, mas não fez...

A segunda investida de Satanás foi também conforme o segundo nível de Maslow: segurança. Ele transportou Jesus ao ponto mais alto do templo e disse pra Ele se jogar de lá porque se ele fosse filho de Deus os anjos iriam aparecer pra segurá-lo em algum trecho da queda (Mateus 4, 6). Jesus também não fez isso, se bem que poderia, porque ele não dependeria de anjos para segurá-lo numa situação dessas. Para um homem que conseguiria superar a lei da gravidade andando sobre as águas, praticamente flutuando sobre as ondas, não seria novidade nenhuma se de repente ele se jogasse e fosse descendo lentamente, porque ele é senhor da gravidade. Ele tinha poder para isso, mas não fez...

Por fim, o demônio tentou Jesus em uma última necessidade: poder. Ele mostrou todos os reinos da terra e disse que se Cristo se ajoelhasse e o adorasse, tudo aquilo seria dele. Penso que nessa hora Jesus ficou um pouco alterado com a proposta que recebeu e respondeu na lata: PARA TRÁS, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele servirás” (Mateus 4, 10). Jesus ao longo de sua vida “cedeu” muitas vezes sua realeza em favor dos homens, e nunca em favor de Satanás. “Mesmo sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens” (Filipenses 2, 6-7).

Todas as possibilidades de Jesus ceder às propostas do inimigo foram frustradas porque Cristo tinha uma visão diferente. Ele sabia que quando uma tentação para o corpo é superada, o benefício é para a alma. Se ele transformasse as pedras em pão e os comesse, saciaria o corpo, mas ele bem sabia que fome maior é a da alma, que se sacia de toda palavra que procede da boca de Deus (Mateus 4, 4). Se ele se jogasse do alto do templo, iria demonstrar ser como uma criança mal educada que manipula seus pais por meio de gritos e ameaças, mas ao contrário, como bom filho, Jesus sabia que não deveria tentar a Deus (Mateus 4, 7). Se ele se prostrasse diante de Satanás para depois poder mandar em todos os reinos do mundo, a história seria outra: ele não deixaria acontecer as guerras, teríamos um mundo sem mortes, sem assassinatos, dor ou fome... Com certeza ele não teria morrido na cruz! Ele seria o rei e nós obedeceríamos a tudo o que ele mandasse. Mas ele não se prostrou, porque embora o poder possa forçar a obediência, apenas o amor pode provocar a reação do amor, que é a única coisa que Deus deseja de nós, sendo o motivo de nos ter criado*.

Confesso que se eu estivesse na situação de Jesus, talvez teria transformado aquelas pedras em pães, bolos, café e muitas outras coisas boas. Quantas vezes colocamos nossas necessidades humanas acima das necessidades divinas? A qualquer preço aceitamos melhorar de vida, subir de padrão, trocar de carro... Mesmo que isso custe nossa moral, mesmo que seja por mentirinhas que ninguém fica sabendo, a custa de trocas erradas, transformando as pedras do sapato e do caminho no pão nosso de cada dia. Quantas chantagens fazemos com pessoas, manipulando, mandando, criando um cativeiro emocional para aqueles que nos servem? Tudo para mantermos uma imagem, uma postura, uma aparente segurança... Quanto consentimento à mentira e à falta de moral... Quantas vezes nos prostramos diante de coisas erradas porque nos dão poder sobre coisas e pessoas que de outra forma não teríamos?

Quando resistimos às três tentações de Satanás como Jesus resistiu, a Teoria de Maslow tem que ser mudada: precisamos primeiro do pão da palavra, alimento da alma; depois vivemos em temor a Deus, que nos dá confiança que nada vai faltar, estamos seguros; por fim, precisamos de adoração, de intimidade com Deus, conhecê-lo e servi-lo, e isso será a total realização, a plena satisfação da alma.

Depois de resistir às tentações, os anjos aproximaram-se de Jesus para servi-lo (Mateus 4, 11). Quando resistirmos às tentações que nos aparecem. Quando nossas necessidades mudarem. Quando buscarmos primeiro o Reino de Deus. TUDO nos será acrescentado (Mateus 6, 33). E vários anjos virão nos servir com mesa farta, com um bom lugar pra morar, com empregos dignos, com relacionamentos sadios, com uma vida em abundância.

* Philip Yancey – O Jesus que eu nunca conheci. 2004. Editora Vida

Um abraço,

Gilberto Monteiro

Obs.: desculpem a demora dessa postagem, ao longo de todo esse mês de outubro estive em estúdio gravando duas músicas inéditas que em breve estarão à disposição pra todos ouvirem. Conto com sua oração!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

40 anos na Lua, hora de mudar!

Alguns meses atrás foi comemorado o aniversário de 40 anos da chegada do homem à Lua. Esse feito maravilhoso aconteceu em 20 de julho de 1969 e foi lembrado em todo o mundo por ser uma grande façanha da humanidade. De lá pra cá a tecnologia aumentou exponencialmente e possibilitou descobertas ainda maiores. Descobriu-se a evidência de água em Marte. Foram descobertos novos planetas. Novas galáxias. Novas estrelas... E ainda existe um universo infinito por ser descoberto. Interessante é ver que isso se tornou possível à medida em que a tecnologia foi aumentando a capacidade de alcançar lugares cada vez mais distantes com espaçonaves, sondas espaciais, telescópios, etc.

Pra se ter uma idéia, a distância média entre a Terra e a Lua é de 384 mil quilômetros, daria pra dar quase dez voltas em torno da Terra, imagine que toda essa distância foi percorrida no ano de 1969. Nos dias de hoje é possível alcançar mais longe ainda, sondas espaciais já mostraram um novo planeta que fica a 150 bilhões de quilômetros. Pra mim, que sou leigo no assunto, não consigo nem ter idéia de quanto esse número significa, mas isso mostra como o homem tem avançado. Avançado cada vez mais alto, cada vez mais além, cada vez mais para fora do seu mundo...

Um contraponto peculiar é que apesar de conseguir chegar tão longe, a nossa tecnologia ainda não conseguiu levar o homem ao mais profundo do oceano. O maior abismo do planeta Terra fica a onze mil quilômetros de profundidade, na chamada Fossa das Marinas, no oceano Pacífico. Somente alguns robôs chegaram lá e registraram informações, mas nenhum ser humano esteve nesse lugar.

Cada vez mais o homem tenta buscar fora o que está dentro. Subimos nas alturas, mas não descemos às profundidades. Essa realidade se revela muito em nossas vidas. Substituímos nossos relacionamentos de intimidade com pessoas reais por relacionamentos virtuais na internet. Abrimos nosso coração até certo limite para aqueles nos amam. Precisamos ir contra essa maré de superficialidade. Só vou conseguir melhores relacionamentos em minha vida quando eu mergulhar dentro de mim e enxergar os fantasmas que ainda não encarei e que me impedem de ser melhor, de ter pessoas melhores ao meu redor. As mudanças de rumo, aquelas que permanecem, sempre acontecem de dentro pra fora, do profundo para o alto. Precisamos investir mais tempo, mais energia, (e porque não mais dinheiro?) em nosso auto-conhecimento. As pessoas precisam curar seus traumas, tratar suas fraquezas, encarar seus medos, vencer seus limites.

Na maioria das vezes só queremos o poder, a glória, o milagre e o prodígio que vem de Deus. Esquecemos que além de mostrar o quão alto podemos ir, na cruz, Jesus revelou o quão profundo precisamos chegar. Não é à toa que Paulo escreveu na carta aos Romanos: ó ABISMO de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! (Rom 11, 33). Se fosse como o homem acredita, ele teria dito: ó ALTURA de riqueza...

O número quarenta na bíblia sempre é associado à mudanças. Nesse tempo comemoramos 40 anos de subida, de alcance de alturas. É tempo de mudar! Sou totalmente a favor da tecnologia e do conhecimento, mas aqui entre nós, onde a vida acontece, não podemos mais viver no mundo da lua, criando idéias no espaço. Precisamos ir para as águas mais profundas! (Lucas 5, 4).

Um abraço,

Gilberto Monteiro

domingo, 30 de agosto de 2009

As mais pedidas nas igrejas e nas rádios

Texto publicado no site http://www.portalcatolico.org.br
Confira:

Pouco tempo atrás estive em missão numa cidade do norte do Paraná. Tivemos a oportunidade de divulgar o encontro que iríamos pregar na rádio FM mais ouvida da região. A caminho da rádio um dos coordenadores daquele encontro nos disse que a abertura que conseguiram junto àquela rádio para divulgar os eventos da diocese se devia à banda Rosa de Saron. Ele nos contou que um dos radialistas sempre dizia que nunca tocaria música cristã de qualquer tipo na programação dele porque não via nada de bom nesse tipo de música. O tempo passou e os ouvintes começaram a pedir as canções do Rosa e ele se obrigou a incluir a banda no seu playlist. Mas a história não parou por aí. O Rosa de Saron liderou a lista das mais pedidas por um bom tempo e a direção da rádio promoveu um show com a banda na cidade.


Começo meu texto contando esse fato porque ele ilustra uma nova expressão que vem se consolidando a um tempo: o entretenimento que evangeliza. A música cristã, em especial a música católica, começou a sair de dentro da igreja e invadir os lugares antes ocupados somente pela música secular através do Pe. Marcelo Rossi, Pe. Antônio Maria e algumas outras pessoas, mas ainda assim eram canções populares e cantadas nos grupos de oração e celebrações. Hoje essa nova música católica que chega nas rádios comerciais e programas de TV são canções que nem sempre se encaixam na liturgia ou em grupos de oração, mas possuem um mesmo propósito que as outras que se encaixam: músicas a serviço da Palavra de Deus.


Nesse ponto de reflexão conseguimos discernir dois tipos de músicas e de ministérios. Há aqueles que tem uma proposta congregacional, com canções que “deixam” de pertencer aos seus autores e passam a pertencer ao povo, que as canta nas missas, celebrações, encontros, etc. Existem canções que auxiliam o serviço da igreja em todas as suas atividades e o povo já sabe de cor. Essas músicas nunca serão esquecidas e sempre estarão nas paradas de sucesso dos ministérios de qualquer paróquia. Como exemplo cito a canção Como és lindo, composta por Walmir Alencar em 1996 e gravada no CD Celebra a Vitória, da banda Vida Reluz em 1998. Já perdi a conta de quantas vezes cantei essa música ou já ouvi outros ministérios cantando. Mesmo depois de onze anos da sua gravação ela continua atual.
A outra expressão que percebemos são aquelas canções que nem sempre se enquadram no cotidiano das igrejas. Às vezes são músicas com arranjos e interpretações que partem mais para o lado admirável do que para o “ministrável”, mas a grande diferença é que essa arte é mais eficaz para atingir um povo que talvez não ouça nenhuma outra composição que seja relacionada a Deus. Embora ela nem sempre seja apropriada no exercício dos ministérios, muitas vezes ela é a única que consegue transcender as paredes dos templos e ministrar aos corações afastados.


Esse novo cenário traz consigo oportunidades e responsabilidades. Oportunidade de melhorarmos nossa capacidade de produzir música de qualidade, oferecendo “entretenimento cristão” tão bom quanto o que vemos no meio secular, bem como melhorar o que se canta na casa de Deus, trazer excelência aos nossos ministérios. Oportunidade de sermos os luzeiros no mundo, ostentando a palavra da vida em meio à sociedade (Filipenses 2, 15). Responsabilidade em manter as coisas que não passam (chamado, carisma, fé) em vista das coisas que passam (aplausos, fama e dinheiro). Responsabilidade de viver aquilo que se canta, para que vejam nossas boas obras e glorifiquem ao Pai que está no céu (Mateus 5, 16).


Em todas as situações, o mais importante é que a música cristã esteja sempre a serviço da Palavra de Deus, alcançando a todos e revelando a face de Cristo, dentro da igreja e fora dela também. Como Paulo disse a Timóteo: prega a palavra, insiste oportuna e importunamente (II Tim 4, 2).
Os tempos são novos e graças a Deus podemos ver o Reino de Deus sendo cantado em lugares que antes sequer imaginaríamos. Bendito seja Deus por isso!

Um abraço,
Gilberto Monteiro
www.gilbertomonteiro.com.br
Exclusivo para o Portal Católico

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

SER OU NÃO SER, DE NOVO A MESMA QUESTÃO!

Dos propósitos que você assumiu no dia 1º de janeiro de 2009 quantos você já cumpriu? Quantas das metas e mudanças que você colocou na sua vida você já alcançou? Alguma vez você determinou alguma coisa mas não conseguiu cumprir? Isso serve pra dietas, novos empregos, mudanças de posturas e atitudes e tudo mais que conseguir imaginar.

O ponto chave dessa mudança que sempre buscamos mas nem sempre conseguimos é que não sabemos mudar, não sabemos por em prática os propósitos que escolhemos. Um conceito importante que precisamos entender é que nós SOMOS aquilo que FAZEMOS e TEMOS, ou seja: SER = FAZER + TER.

Um exemplo positivo: você deve ter algum amigo que SEJA simpático. Pra que você o qualifique como simpático ele deve FAZER algo que o torne simpático. Com certeza ele sempre está sorrindo, dando atenção, conversa com todos. Mais ainda, ele deve TER um desejo de fazer com que o outro se sinta bem ao seu lado.

Um exemplo negativo: talvez você conheça alguém que SEJA mentiroso. O que ele deve FAZER pra ser qualificado assim? Contar mentiras. Com certeza ele deve TER problemas em encarar algumas verdades, por isso mente.

Todos os adjetivos que possuímos, aquilo que somos, são frutos das atitudes que fazemos, que são conseqüência daquilo que temos em nosso coração.

Entender isso é a chave pra qualquer transformação!

Ficamos frustrados em não alcançar objetivos porque na maioria das vezes vislumbramos o que queremos ser mas não mudamos nossas atitudes e guardamos coisas no coração que nos levam a fazer sempre as mesmas coisas, e ser sempre a mesma pessoa.

Quando fazemos nosso currículo profissional para entregar em alguma seleção de emprego colocamos algumas características: organizado, responsável, pontual, comprometido, pró-ativo, etc. O mais interessante é que consideramos essas qualidades como profissionais somente, nem sempre aplicável ao nosso dia-a-dia. Mas falando francamente, uma pessoa só é organizada no trabalho se ela for organizada em sua casa. Ninguém consegue ser exemplo de responsabilidade em seu emprego e irresponsável em sua vida pessoal. Aí está o ponto, aquilo que faço em minha casa, também faço em meu emprego, faço na igreja, faço no ministério e em qualquer lugar. As coisas que temos no coração nos levam a fazer as mesmas coisas em todos os lugares, e acabamos sendo o mesmo tipo de pessoa em todos os ambientes em que vivemos.

Você precisa mudar alguma coisa? Ainda dá tempo de alcançar aqueles propósitos do mês de janeiro.

Primeiro - SER: quem você é? De maneira honesta enumere suas qualidades e principalmente seus defeitos.

Segundo - FAZER: o que você tem feito, quais tem sido as suas atitudes que te levam a agir ou reagir e te fazem ser as coisas que enumerou?

Terceiro – TER: identifique as coisas que estão guardadas em seu coração e motivam a fazer os mesmos erros de sempre.

Agora faça o caminho inverso. Aquele mentiroso que citei no começo do texto se aplicava muito a mim. Eu era (SER) mentiroso porque contava (FAZER) muitas mentiras, tudo isso porque eu tinha (TER) um problema grande em administrar a verdade. Percebi que o oposto de mentiroso é verdadeiro, e pra alguém ser qualificado como verdadeiro é necessário sempre dizer a verdade, e pra conseguir fazer isso precisei ir fundo dentro de mim e trocar a baixa auto-estima e a necessidade de ser aceito que eu tinha por coragem e independência da opinião dos outros. Fazer esse caminho inverso tirando as coisas ruins de dentro de mim e mudando minhas atitudes, fez com que eu me tornasse outra pessoa.

O melhor de tudo isso é constatar que aquilo que era dificuldade algum tempo atrás, hoje é só lembrança. Isso é amadurecimento. Isso é atingir propósitos.

Tudo é possível ao que crê (Marcos 9, 23).

Imagine você aplicando isso em sua vida. Imagine sua família descobrindo esse caminho. Seu bairro. Sua paróquia. O Brasil. O mundo. Seremos, faremos e teremos todo o bem que possa existir!

Isso começa em você, e a sua transformação motiva aqueles ao seu redor...

Como Ghandi dizia, seja a mudança que você deseja ver no mundo.

Um abraço,

Gilberto Monteiro

sábado, 8 de agosto de 2009

O AVIVAMENTO QUE CREMOS E BUSCAMOS

Semanas atrás tivemos uma formação no discipulado da Missão IDE sobre Avivamento. Confira:

Segundo o dicionário Aurélio, avivamento vem do verbo avivar, e significa tornar mais vivo. Podemos dizer: ter mais vida!

Na visão cristã que estamos abordando podemos ver grandes avivamentos na bíblia, e eles sempre acontecem sob duas situações:

1 – Um povo que não conhece a Deus e vive distante d’Ele, em meio à situações de morte, de injustiça. Um povo que precise receber mais vida. Vemos situações assim nas principais cidades onde Paulo pregou pela primeira vez. Em grande parte eram povos de religiões com vários deuses e com práticas imorais. O conhecimento de Deus trouxe mais vida àqueles povos. Coisas assim continuam acontecendo hoje em dia quando missionários cristãos levam a Palavra aos chamados povos não alcançados, nações que nunca ouviram falar sobre Jesus.

2 – O avivamento também acontece chamando pessoas que já conhecem o Senhor a voltarem a Ele de coração. Um exemplo direto disso vemos na comunidade de Éfeso. Em Efésios 1, 15-16, Paulo comenta que tem ouvido falar da fé e do amor fraterno que existem naquela comunidade. Podemos imaginar que fosse a comunidade perfeita, um lugar de fé e de amor, um lugar exemplar. Mas em Apocalipse 2, João escreve para a mesma comunidade dos Efésios com outras palavras, dizendo que apesar de todo empenho e senso de verdade que possuíam, eles haviam deixado esfriar o primeiro amor em seus corações. João então os convida a um avivamento: arrepende-te e retorna às primeiras obras (Apocalipse 2, 5).

Nos dias de hoje a palavra avivamento se tornou muito comum, e acabou perdendo seu sentido verdadeiro. Muitos associam avivamento a uma igreja ou comunidade que possui celebrações com muita música e orações intensas, sempre em volume bem alto! Pregações fortes e vibrantes cheias de unção e autoridade! Isso pode fazer parte do processo de avivamento, mas não é a essência dele.

O avivamento verdadeiro é resultado da combinação de 3 fatores: o estudo da Palavra de Deus (Bíblia), a oração e o arrependimento. Os três precisam caminhar juntos, o conhecimento da Palavra sem oração produz intelectualismo. A oração sem arrependimento das obras mortas (pecado) não tem efeito, nada alcança. O arrependimento só é possível quando vemos que nossa vida não está a altura do evangelho, então o Espírito Santo nos convence dos nossos erros.

Essa revolução espiritual começa dentro do coração do homem, mas passa a se chamar avivamento quando acontece em uma igreja, uma comunidade, uma sociedade. Uma renovação espiritual transforma as três partes que compõem uma pessoa: seu corpo, sua alma e seu espírito. Da mesma forma o avivamento transforma as três partes que compõem a pessoa que é a sociedade:

-Corpo: uma sociedade avivada não possui injustiças que possam tirar a dignidade física do seu povo. Políticos honestos. Educação de qualidade. Hospitais dignos. Emprego para todos. Sem violência. Uma sociedade fraterna e saudável.

-Alma: uma sociedade que não carrega traumas de seu passado (ditadura, guerras, divisões). Não existe solidão, depressão, síndrome do pânico, egoísmo. Não haverá grades para proteger porque não haverá medo.

-Espírito: uma sociedade que se preocupa com valores, idéias e conceitos. Que deixa de lado discussões sobre coisas, pessoas, dinheiro, fama ou escândalos. Uma sociedade que se preocupa com assuntos espirituais e passa a conhecer Deus e a partir daí vive a santidade. Uma sociedade que partilha o pão em suas celebrações e o pão em suas casas: a verdadeira comunhão.

Mais do que canções e orações, o avivamento é a transformação do homem e da sociedade onde ele está inserido. Esse é o avivamento que cremos e buscamos.

Um abraço,
Gilberto Monteiro

Esta formação e muitas outras estão disponíveis em áudio para baixar em seu computador no blog:

domingo, 26 de julho de 2009

Bom dia? Só se for pra você!

Alguém já disse isso pra você? Ou você já respondeu assim pra alguém?

O livro de Provérbios diz que a vida do homem sobre a terra é só sofrimento. E quando ouvimos coisas como a de cima, dá pra pensar que a vida sobre a terra é só problemas e preocupações. Parece que tudo que existe na vida é uma emergência, pra ontem, e a solução é sempre difícil, quase uma missão impossível. A coisa fica pior quando parece que tudo dá errado, quando as pessoas que eram pra ajudar na verdade só atrapalham. Nada dá certo! Por que tudo é tão difícil?!...

Em muitas vezes me vejo nessa situação, e com muita freqüência vejo outras pessoas assim: colegas de trabalho, de missão, amigos, às vezes é assunto de conversa em filas de banco, em viagens de ônibus, etc. Nos deixamos abraçar pelo “bicho-papão” das situações, e o que era um desafio vira um problema, que se torna um fardo, uma dor. Quando nos perguntam como vai a vida? Respondemos vai indo, com um ar de tristeza.

Ninguém no mundo pode ter uma existência sem passar por adversidades, mas nosso posicionamento diante dessas coisas é que faz a diferença em nossa forma de viver e até de resolver tudo isso. O apóstolo Paulo nos deu um ensinamento de como superar essas situações:

Mude seu pensamento! Não mantenha o foco no problema, mas na solução. Pense que suas tentativas sem sucesso foram as novas formas que você descobriu de não conseguir o que queria e siga buscando o jeito certo. Não fique se atormentando com seus pensamentos (Eclesiástico 30, 22). Não se conforme com esse mundo, com esse problema, mas transforme-o pela renovação do seu espírito. Outra tradução bíblica diz: pela renovação do seu pensamento (Romanos 12, 2).

Mude seu sentimento! Um sentimento é conseqüência de um pensamento. Se você pensa na morte de alguém, você sente tristeza. Ao contrário, se você pensa em um bebê rindo bem alto, você ri junto e sente alegria. Por isso, renove sem cessar os sentimentos da sua alma (Efésios 4, 23). Na hora que aquele sentimento ruim chegar, troque-o por outro que te faça bem.

No começo pode parecer difícil fazer isso porque somos mais acostumados a ver o copo meio vazio, o lado negativo de tudo. Com o tempo, mudamos nosso pensamento e percebemos que o copo na verdade está meio cheio, e o sentimento de esperança surge. Quando aprendemos a viver assim, as soluções pra vida aparecem mais rápido.

Pense novo, sinta diferente, seja melhor!

Um abraço,

Gilberto Monteiro

Aproveito pra deixar um abraço especial pro Grupo Jovens em Resgate de Caraguatatuba/SP. Passamos o dia de hoje juntos em missão. É sempre bom revê-los e ouvir as rimas e o Hip Hop do André e do Pequeno. Deus abençoe sempre vocês em tudo que fizerem.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O estranho no elevador...

Dia desses entrei em um elevador com pressa, a porta se fechou, apertei o botão do andar onde iria ficar, dei um passo para trás e ... OI!... eu disse para um estranho que estava no elevador comigo e iria ficar em algum outro andar. Naquele silêncio dentro da cabine havia um incômodo, o que dizer? O que fazer? Puxo conversa? Respiração controlada... Chegou meu andar. A porta abriu. Desci... Não disse, não fiz, nem puxei conversa. Você já passou por isso?

Quando estamos com alguém, em qualquer situação, na maioria das vezes estamos fazendo alguma coisa: falando, ouvindo, trabalhando, etc. Quando estamos com alguém e não há o que fazer, simplesmente estamos existindo, sendo. Situações como essas não incomodam quando estamos com pessoas que amamos, porque o amor não depende do que fazemos, mas sim do que somos. Uma mãe consegue ficar abraçada com seu filho e não falar nada. Um marido é capaz de olhar nos olhos de sua esposa por longos minutos sem dizer uma palavra. Melhores amigos sentam no sofá juntos, às vezes sem assunto, e ficam lá. O existir é suficiente em certos momentos.

Um jeito de analisar isso é questionar a maneira como estamos nos relacionando com as pessoas. Se precisamos que as pessoas ao nosso redor sempre façam alguma coisa, isso quer dizer que limitamos nossos relacionamento àquilo que elas fazem. A parte ruim é que somos capazes dos atos mais louváveis e dos mais desprezáveis também.

Se Jesus dependesse das atitudes dos seus amigos, imagino que nunca veríamos o cristianismo espalhado pelo mundo. Ele não viu as grosserias que Pedro fazia, mas viu o quanto ele era determinado. Ele não olhou para as arrogâncias de João, mas percebeu o quanto ele era amoroso. Ele não se atém ao que faço, mas ao que sou.

Eu não conhecia aquele estranho e não o amava. Não é comum amar alguém logo à primeira vista, mas quando o amor está firmado dentro do coração, somos capazes de sermos amorosos com qualquer estranho. Diferente vai ser o dia em que eu não sentar tão longe de alguém nos bancos de ônibus, ou quando eu conseguir ficar em silêncio e tranqüilo com um estranho no elevador. Quando eu esperar que meus amigos SEJAM na minha vida mais do que FAÇAM por ela. O amor tem esse poder, “ser amor” é capaz dessa mudança.

Faça a experiência, comece a basear seus relacionamentos naquilo que as pessoas são, você vai ficar impressionado em como sua vida vai ficar mais leve.

Um abraço,

Gilberto Monteiro

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Mudanças...

Começo pedindo desculpas pelo atraso nas postagens... Tive que me mudar nesses últimos dias e além de toda correria, estou sem internet.
Minha vida sempre teve muitas mudanças, em todos os sentidos. Tive que mudar de casa já algumas vezes, e aprendi a tirar algumas lições de cada uma delas.
Precisamos trocar de casa sempre por dois motivos, quando a casa ficou pequena e já não oferece o conforto que se espera, ou porque deu o tempo do contrato e o proprietário a pede de volta. Quando estamos encaixotando as coisas sempre encontramos objetos, roupas, e outros itens que não servem mais, então aproveitamos pra fazer “a limpa” e levar somente o que for preciso, o que for útil na nova casa. Precisamos de alguém que leve a mudança, uma transportadora, uma pessoa que faça frete, mas que leve com cuidado tudo o que for carregado. Por fim, a última mudança é a de endereço, as correspondências precisam chegar ao novo lugar, as pessoas precisam saber onde podem nos encontrar.
A vida sempre oferece mudanças pra todos, mas nem todas as pessoas gostam de mudar, até mudam de casa, mas de vida não... Precisamos mudar nossas vidas por dois motivos, quando o que estamos vivendo ficou pesado demais e já não encontramos a felicidade que se busca, ou porque estamos vivendo algo que não é nosso, situações que não são verdadeiras e que nem sempre temos coragem de encarar, até que elas se voltem contra nós e precisemos sair. Quando nos preparamos para uma mudança de caminho, percebemos que a novidade que queremos não é compatível mais com alguns sentimentos, pensamentos e hábitos, então fazemos “a limpa” e continuamos somente com o que é bom. Nesses momentos sempre precisamos de um suporte, alguém que nos ajude a guardar o que existe de mais precioso em nosso interior pra que não se perca em meio à toda transição. Esse alguém pode ser um familiar, ou um amigo, mas que tenha carinho com o conteúdo. Por fim, a última mudança é a de endereço. As novidades terão novo sabor nesse lugar, e os mais chegados ficarão surpresos e felizes em conhecer.
Precisamos mudar da casa da tristeza para a casa da alegria. Do egoísmo para a fraternidade. Da solidão para o convívio. Que sejamos sempre encontrados nos lares do amor, da esperança e da fé.
Mude, hoje, seu pranto em festa!

Um abraço,
Gilberto Monteiro – de casa nova, em todos os sentidos, graças a Deus!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Invisibilidade pública, você sabe o que é?

Essa semana recebi um texto muito interessante a respeito de uma tese de mestrado defendida por um psicólogo social na USP. Durante oito anos ele trabalhou como gari varrendo as ruas da USP, tudo isso para provar a existência da invisibilidade pública. Ele mesmo definiu esse termo como sendo "uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa".
Depois que li toda a história, fiquei perplexo ao perceber que eu me enquadro no grupo daqueles conhecidos do professor que passariam por ele como se fosse algo, e não uma pessoa. Isso me recordou uma experiência que tive num grupo de jovens que participei. Certa vez, a pregadora daquele dia se vestiu como uma moradora de rua e ficou deitada na porta da igreja bem no horário em que os jovens passariam por lá para ir ao grupo. Ninguém a ajudou, mas todos ficaram calados quando viram aquela maltrapilha tão conhecida pregar naquela noite.
Estamos distantes do que Cristo fazia... Ele enxergou a mulher encurvada que ninguém notou durante dezoito anos, e nós somos capazes de passar anos sem saber do sofrimento daquele a quem desejamos a paz durante a missa. Jesus avistou Zaqueu, o cobrador de impostos, e nós comumente avistamos aqueles de quem temos algo pra cobrar. Jesus lavou os pés dos outros, nós lavamos as nossas próprias mãos.
Mas nunca é tarde! A partir de hoje, dê um bom dia ao cobrador de ônibus, um sorriso ao varredor de rua. Preste mais atenção ao seu irmão de igreja, ao amigo de faculdade, ao colega de trabalho. Tire as pessoas de um lugar baixo e coloque-as onde Jesus colocaria, em um lugar alto: no coração!

Um abraço,
Gilberto Monteiro

*** clique aqui e confira o texto e a entrevista com o psicólogo social Fernando Braga da Costa***

terça-feira, 2 de junho de 2009

Movendo as formigas

Existe algo muito forte e "exótico" em meu coração que gostaria de partilhar aqui... Pode ser que você não acredite, mas eu e Deus sabemos que aconteceu.
Há 3 anos atrás uma oração minha virou música e hoje muita gente tem cantado por aí nas missas, grupos de oração, retiros... Estou falando da canção O céu se abre. Eu não imaginava que Deus iria fazer tanto através dessa música, creio que nem o Adoração e Vida esperava por isso, mas Deus fez, e no domingo passado, quando eu estava no programa Louvemos o Senhor, a providência divina colocou para pregar um padre que irá regravar essa canção. Fiquei muito surpreso porque O céu se abre será o tema do CD e será lançado pela Universal Music, uma das maiores gravadoras seculares do Brasil. Pude cantar e conversar muito com o Pe. Hevaldo Trevisan, que grande homem de Deus! O CD dele estará nas lojas ainda esse mês!
Chegando em casa, muito cansado e ainda atordoado com a surpresa que Deus me havia feito, me deparei com as formigas que tinham invadido já há 3 dias o apartamento onde moro. Não sei de onde elas vinham e nem pra onde iam, só sei que eu estava na passagem delas! Eu precisava dormir, então me abaixei e falei com elas: formigas, a glória de Deus ainda não está aqui nesse apartamento, por favor, vão embora. Eu estou cansado e não vou conseguir tirar vocês daqui!
Falei com muita fé, e fui dormir. No dia seguinte todas elas haviam ido embora. Glória a Deus!

A mesma fé que inspira orações, inspira canções e faz mais do que pedimos ou imaginamos!
Essa fé move montanhas, e também formigas!
Uma oração pequena, como uma formiguinha, toma rumos que a fé é capaz de imaginar, mas que Deus pode mudar para estradas ainda maiores, tornando a pequena oração em grande clamor!

Essa é a semana da fé!

Um abraço
Giberto Monteiro

terça-feira, 26 de maio de 2009

Obra nova, você pode ver?

"Vou fazer obra nova a qual já surge, você pode ver?" - Isaías 43, 19

Dias que passam e a vida vai correndo... 
Agora em junho faz seis anos que me mudei pra São José dos Campos/SP e os meus dias nunca mais foram os mesmos. Em especial uma novidade está acontecendo, Deus está fazendo uma obra nova, você pode ver? Desejo do fundo do meu coração que você veja sempre, e que essa novidade colabore com a sua vida!
O novo de Deus está acontecendo através do meu ministério. 
A partir de agora temos mais esse lugar de encontro e partilha: semanalmente estarei postando algum texto da obras novas que Deus tem feito em nós e conto com seu comentário, com a sua presença!
Também faz parte desse novo o meu site: www.gilbertomonteiro.com.br
Visite e confira!

Pra encerrar, convido você a assistir o programa Louvemos ao Senhor no próximo domingo, 31 de maio, pela TV Século XXI. Eu e a minha banda estaremos ministrando durante todo o dia ao longo da programação. E antes que eu esqueça, qual novidade Deus tem feito na sua vida? Ela também é muito importante, partilhe conosco!

Amor, misericórdia e avivamento!
Um abraço,
Gilberto Monteiro