sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Desmontando o presépio

Baltazar, Gaspar e Belquior, os três reis do Oriente. Segundo o Pe. Zezinho, “dizem que um é branco, o outro cor de jambo, o outro rei é negro e que vieram ver o novo rei que nasceu igual estrela no céu”*. Independente se eram somente reis ou se eram somente magos, ou se eram as duas coisas, vieram seguindo uma estrela que os levaria ao grande Rei. Em alguns episódios da Bíblia quando reis se encontram, é muito comum a troca de presentes, e com esses reis não foi diferente. Trouxeram três, e a maioria das pessoas sabe quais são: ouro, incenso e mirra.

Desde então essas três pessoas passaram a ser lembradas todos os anos na época do Natal. Suas figuras variam muito a cada presépio montado, mas sempre estão formando o trio com as caixinhas de presente nas mãos. Sabemos que eles “acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho (Mateus 2, 11-12”).

Também fazem parte do presépio os pastores, os anjos, José e Maria, uma manjedoura e alguns animais, na maioria das vezes representados por um burrinho simpático que deveria dormir naquele estábulo. Esse cenário deve ter durado uma noite somente, porque o dia amanheceu, a estrela apagou, os reis voltaram por outro caminho, os pastores retornaram aos campos e os anjos devem ter seguido para diante do trono de Deus. E as outras figuras desse momento, Maria, José e Jesus? Eles foram pra onde depois que todos saíram? Segundo o evangelista Mateus “um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1) – (Mateus 2, 13-15).”

Jesus e seus pais passaram alguns poucos anos no Egito até que Herodes morreu e então voltaram à sua terra. Penso que durante esse tempo no Egito, os presentes dos reis magos foram de grande valia, principalmente o ouro, na compra de mantimentos, hospedagem e outras coisas que demandassem dinheiro durante esse período de exílio. Como no musical Jesus Christ Superstar, de Andrew Lloyd Webber, imagino que a mirra deve ter sido usada por Maria como curativos em Jesus, isso porque a mirra tem propriedades anti-sépticas exploradas até hoje em dia. Como estavam no Egito, com certeza devem ter visto os cultos prestados por aquele povo aos seus vários deuses. Os judeus costumavam queimar incensos no altar dos perfumes do templo, uma vez pela manhã e outra pela tarde, em sinal de adoração ao Deus verdadeiro. Maria e José, como bom judeus que eram, devem ter oferecido todo aquele incenso que receberam em adoração ao Senhor.

O tempo passou, o ouro acabou, a mirra gastou e o incenso queimou... Era hora de voltar a Israel. José retomou sua profissão de carpinteiro para sustentar a casa, e com o que recebia devia comprar a mirra que precisasse no caso de algum corte ou machucado. Também com seu trabalho conseguia comprar o incenso que oferecia em adoração a Deus.

Coisa muito comum é a cultura dos presentes no Natal. Sejam os presentes que ganhamos dos familiares ou dos amigos-secretos que fazemos no trabalho. Alguns desses presentes, às vezes, tem uma vida longa, mas a maioria não. Boa parte do que ganhamos tem uma vida útil ou simplesmente acaba. Uma roupa, um perfume, um livro... Mas dezembro sempre chega, e no fim do ano sempre esperamos ganhar presentes de novo.

O presépio verdadeiro foi desmontado a dois mil anos atrás. Os presentes duraram seu tempo. José, Maria e Jesus tiveram que seguir suas vidas, porque os reis não voltaram mais com seus tesouros para presentear Jesus. O presépio nunca mais se repetiu na vida de Jesus. Nenhum rei nunca mais se prostrou diante dele. Os anjos que vieram visitá-lo o alimentaram no deserto e o acompanharam na angústia do Getsêmani, mas não cantaram os mesmos cantos de antes. Os pastores, as pessoas simples que o olharam com amor, gritaram CRUCIFICA-O! Do presépio saiu um homem que de uma vez por todas viveu em plenitude seu destino de fazer presépios na vida de todos aqueles que o conhecessem.

Aquele que segue Jesus sente como se ganhasse uma porção de amor, esperança e coragem a cada Natal. Os presentes auxiliam por um tempo, mas duram o suficiente pra que se cresça em estatura e graça diante de Deus e dos homens, até que a cruz chegue e enfim a glória.

Infelizmente o que mais aontece é que a maioria de nós recebe esses presentes, não os utiliza e depois que percebe que vive sem amor, sem esperança e sem coragem, monta o presépio de novo pra recebê-los mais uma vez. Aquilo que nasce em nós, aquilo que cremos, não muda o que somos. Acabamos não crescendo em estatura, muito menos em graça.

Nesse Natal que passou, o rei que nos visitou foi Jesus e trouxe muitos presentes. Vamos aproveitá-los! Que o próximo Natal nos encontre adultos no que cremos. Fiéis aos que acreditamos. Dedicados aos que amamos. Crescendo...

Ouro, incenso e mirra pra todos nós!

Um abraço,

Gilberto Monteiro

Um comentário:

  1. Olá!!AVIVA!!!Eu estava lá!!!Chuva de bençãos hein!!!!e aproveito para agradecer o abraço que me deu com toda humildade,louvo a DEUS por existir pessoinhas como você q nos faz bem!!Missão ide está em meu coração!!!!!Um forte abraço!!!!!!Camila Ayrolla-Sorocaba

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